O Laboratório de Investigação Fonoaudiológica em Leitura e Escrita do Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional está oferecendo um programa de terapia fonoaudiológica gratuita para crianças diagnosticadas com dislexia do desenvolvimento.

A motivação para a criação do programa, segundo Lígia Zanella, foi o fato de a dislexia não ser como uma dificuldade ou distúrbio global de aprendizagem. Enquanto a dificuldade pode ser superada através de um estímulo a mais, como o reforço escolar, e os distúrbios globais tratados com terapias tradicionais ou medicamentosas, a dislexia necessita de um tratamento mais especializado.

Isso porque, ao contrário do que muitos pensam, crianças disléxicas são ótimas alunas quando se trata de matérias de exatas, além de possuírem habilidades orais e vocabulário complexo. O problema se encontra na hora de ler e escrever: disléxicos tem dificuldade no reconhecimento preciso e decodificação da palavra. Assim, não conseguem ler e compreender de fato um texto e, consequentemente, também tem problemas para escrever.  Além do mais, muitos possuem memória fonoaudiológica curta, o que significa que eles podem não se lembrar do início de uma frase que acabaram de ler, por exemplo.

O programa construído pelas mestrandas consiste em  21 sessões totais dividas em quatro níveis de dificuldade, que aumentam ao longo do tempo e do desempenho dos alunos. Segundo Zanella, o fato do número das sessões ser pré determinado é muito positivo: “Geralmente,  quando um paciente entra em terapia, não se sabe dizer com precisão por quanto tempo o aluno ficará em atendimento, e os programas fechados permitem isso! E também é bom para as famílias que moram longe do nosso local de atendimento, para que elas possam se organizar, sabendo até quando o paciente receberá atendimento.”

As sessões consistem na realização de exercícios de ortografia e compreensão de leitura. Cada mestranda fica responsável pelas atividades de sua área de pesquisa: Zanella cuida da parte de leitura e Manzano da ortográfica.

Os exercícios de leitura se baseiam em textos que utilizam a Técnica de Cloze: o paciente realiza a leitura de um texto; depois disso, é dado a ele o mesmo texto, mas com lacunas para serem preenchidas no lugar de algumas palavras; o paciente realiza então uma segunda leitura do texto com as lacunas sem preenchê-las e depois lê novamente, dessa vez preenchendo os espaços. Ao final, realiza ainda uma nova leitura do texto completo.  Com o aumento do nível de dificuldade e evolução do aluno, as atividades de  compreensão passam das mais simples (literais) para mais complexas (críticas).

Os exercícios ortográficos, por sua vez,  trabalham as regras ortográficas —primeiramente as mais simples, até chegar às mais complexas — através de atividades dinâmicas como cruzadinhas e caças palavras e que variam de acordo com a regra que está sendo ensinada.

Ao longo do programa são realizadas cinco avaliações, para medir a melhora e a evolução dos pacientes. De acordo com Zanella, os resultados obtidos até agora mostram-se positivos, atestando a melhora dos alunos e de suas relações com a leitura e a escrita. A professora orientadora, Silvia Cárnio, aponta  outro resultado positivo:  “O projeto aumenta a auto estima da criança, porque ela está competindo com ela mesma, e vê, a medida que muda de nível, como está melhorando”.

Caso, ao final do programa, a criança ainda precise de acompanhamento fonoaudiológico, ela poderá ser atendida pelo Laboratório de Investigação Fonoaudiológica em Leitura e Escrita, assim que houver vagas disponíveis, ou então ser encaminhada para outros locais específicos.

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