Desde crianças recebemos a comida juntamente com o afeto. A amamentação, além de nutrir, conecta o bebê com a mãe. E em algumas famílias isso pode persistir ao longo do tempo, quando as famílias costumam comemorar, presentear, agradar ou demonstrar amor com a comida. Estes comportamentos são comuns e até mesmo importantes para criar conexão com as pessoas. O problema acontece quando a pessoa passa a utilizar os alimentos como a fonte de afeto e bem-estar, e não como consequência deles.

Estamos em constante mudança de emoções e sensações ao longo da vida. Durante o próprio dia passamos por diversas sensações positivas e negativas. Porém, quando estamos em fases que as emoções negativas são mais frequentes que as positivas precisamos de recursos que nos ajudem a lidar com estes sentimentos. Algumas pessoas então, acabam criando um mecanismo de compensação com a comida pois ela é capaz de nos trazer prazer de forma muito rápida.

Esta compensação é explicada tanto por estes fatores emocionais, como por fatores bioquímicos do nosso corpo.

Nós temos alguns neurotransmissores (substâncias que transmitem informações entre as células do cérebro) que controlam nosso nível de fome e saciedade. O principal deles é a serotonina. Quando a serotonina está com níveis baixos, ou está sendo pouco transmitida entre os neurônios, nós podemos comer em exagero, podendo chegar até a compulsão alimentar (impulso incontrolável para comer) em casos mais intensos, pois nossa regulação da fome e da saciedade fica alterada.

Os níveis de serotonina também estão associados com nosso humor. Quando passamos por emoções negativas como por exemplo tristeza, ansiedade, insegurança e estresse, nossa transmissão de serotonina é prejudicada e consequentemente sentimos vontade de comer mais.

Nós também tendemos a escolher os alimentos mais calóricos nesses momentos porque eles aumentam a liberação de um outro neurotransmissor, chamado dopamina, que traz sensações de prazer e satisfação.

 

Para interromper este ciclo é importante cuidar do equilíbrio emocional! É preciso desenvolver recursos internos para lidar com as situações desafiadoras da vida.
Primeiro, é preciso se conscientizar de que, por mais que a comida traga sensações positivas, ela não é sinônimo de afeto ou segurança. A sensação de prazer que ela causa é passageira e não irá resolver seus problemas. Assim que as concentrações de serotonina e dopamina diminuem novamente, as sensações negativas retornam, pois, a causa do que está gerando estas emoções não são resolvidas.

Resolver os problemas e as causas das emoções negativas pode ser um desafio que leva um certo tempo, por isso é interessante buscar recursos para lidar com os sintomas de tudo isso. O primeiro passo é descobrir quais emoções negativas causam a fome emocional. Pode ser qualquer sentimento, sensação ou emoção, como estresse, ansiedade, raiva, tristeza, magoa ou preocupação por exemplo.

Após descobrir o que te traz a vontade de comer para se sentir melhor, é importante buscar recursos alternativos que te tragam sensação de bem-estar nestes momentos, e que não prejudiquem sua saúde ou seu corpo.

Você pode fazer exercícios de relaxamento corporal ou meditação. Se você nunca fez, existem diversos aplicativos de celular ou vídeos na internet que podem te ajudar. Você também pode buscar recursos no humor, como assistir vídeos engraçados. O humor e o riso liberam neurotransmissores importantes para o bem-estar e compensam as emoções negativas momentaneamente.

Ter hábitos saudáveis a longo prazo também é importante. Praticar atividade física, se relacionar com pessoas positivas e que te fazem bem, ter um hobby ou uma atividade de lazer frequente e fazer atividades de contribuição e doação fazem com que seu nível de bem-estar se mantenha mais elevado constantemente, e isto favorece sua habilidade de lidar com os momentos desafiadores da vida.

Aproveite o desejo de uma alimentação mais saudável ou da perda de peso como uma oportunidade para melhorar outras questões emocionais da sua vida. A fome emocional pode parecer um problema, mas na verdade é um aviso de que você precisa aumentar seu bem-estar e melhorar seu controle emocional.

 

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