Quantas vezes você estava em uma consulta ou lendo um artigo ou assistindo a uma entrevista e alguns termos técnicos apareceram e você não conseguiu entender a informação?

Isso também pode acontecer em relação à amamentação, dificultando, algumas vezes, a compreensão e a execução de ações que poderiam favorecer o aleitamento materno.

Então, segue aqui a primeira versão do dicionário “AMAMENTÊS-PORTUGUÊS”.

Aproveite.

De 1 a 10 – Letra A

1.    ACONSELHAMENTO – significa ajudar a mulher a tomar decisões, após ouvi-la, entendê-la e dialogar com ela sobre os prós e contras das opções. Não confundir com conselho, que significa dizer à mulher o que ela deve fazer.

2.    ALEITAMENTO – o ato de oferecer leite para alimentar a criança.

3.    ALEITAMENTO MATERNO – quando a criança recebe o leite da mãe (direto da mama ou ordenhado), independentemente de receber ou não outros alimentos.

4.    ALEITAMENTO MATERNO COMPLEMENTADO – quando a criança recebe, além do leite materno, qualquer alimento sólido ou semissólido com a finalidade de complementá-lo, e não de substituí-lo.

5.    ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO – quando a criança recebe somente leite materno, direto da mama ou ordenhado, ou leite humano de outra fonte, sem outros líquidos ou sólidos, com exceção de gotas ou xaropes contendo vitaminas, sais de reidratação oral, suplementos minerais ou medicamentos.

6.    ALEITAMENTO MATERNO MISTO OU PARCIAL – quando a criança recebe leite materno e outros tipos de leite.

7.    ALEITAMENTO MATERNO PREDOMINANTE – quando a criança recebe, além do leite materno, água ou bebidas à base de água (água adocicada, chás, infusões), sucos de frutas e fluidos rituais.

8.    AMAMENTAÇÃO – quando a criança recebe leite materno diretamente do seio materno. Assim, não se diz amamentação materna.

9.    APOJADURA – “descida” do leite após o parto, com aumento da produção do leite e do volume das mamas, que podem ficar mais quentes.

10. ARÉOLA – região circular mais escura em volta dos mamilos. Não é AURÉOLA, que significa círculo de luz com que a gravura ou a pintura ornam a cabeça dos santos; ou círculo luminoso que se observa em volta de alguns astros.

De 11 a 19 – Letras de B e C

11. BABY BLUES / BLUES PUERPERAL – tristeza que acomete algumas mulheres após o parto, que é bem mais leve do que a Depressão Pós-Parto. Em inglês o termo “blue”, além de azul, significa tristeza.

12. BICO DE SILICONE – é um dispositivo em forma de mamilo usada sobre a aréola e o mamilo durante a amamentação, atualmente feitos de silicone macio, fino e flexível, e que tem orifícios na ponta para permitir a passagem do leite materno. Conhecido também como INTERMEDIÁRIO. Não é recomendado seu uso de rotina.

13. CAMA COMPARTILHADA – é a prática de ter o bebê na cama dos pais durante o sono. Há várias formas possíveis (berço acoplado, ninho). Não se recomenda o uso do sofá.

14. CANDIDÍASE MAMÁRIA – também conhecida como monilíase, é uma infecção causada por fungo (cândida ou monília), o mesmo que causa o “sapinho” na boca das crianças.  Esse fungo costuma aparecer em lugares quentes e úmidos (quando a mulher usa conchas ou protetores mamilares, ou não troca o sutiã ou absorventes mamários quando vaza leite). Pode atingir só a pele do mamilo e da aréola ou o interior da mama. Precisa de avaliação e orientação profissional para tratamento.

15. COLOSTRO – é o leite materno no início da amamentação (primeiros 5 a 7 dias de vida), de aspecto espesso e coloração amarela ou transparente. Tem uma composição diferente do leite dito “maduro”: tem mais proteínas, menos gordura e mais anticorpos, e por isso oferece grande proteção contra infecções (a “primeira vacina” do bebê).

16. COLOSTROTERAPIA – é a utilização de pequena quantidade de colostro com o fim diferente do nutricional, sobretudo para os recém-nascidos de muito baixo peso, para os quais o colostro representa importante suplemento imunológico.

17. COMPOSTO LÁCTEO – é um produto de leite que deve apresentar pelo menos 51% de ingredientes lácteos na sua composição junto com outros ingredientes que não são lácteos.

18. CONCHA – uma peça feita normalmente em silicone, com a finalidade de ser colocada nas mamas, sob o sutiã, para prevenir ou ajudar a tratar mamilos machucados, recolher o leite que vaza da mama e aliviar possíveis dores. Também usada com a finalidade de corrigir mamilos planos ou invertidos. Não é recomendada de rotina por riscos de CANDIDÍASE MAMÁRIA, MASTITE, e por NÃO SEREM EFICAZES para mamilos invertidos.

19. CONFUSÃO DE BICOS – quando o bebê mama ao seio, a pega adequada é na aréola. Se o bebê utiliza chupeta, intermediário (bico de silicone) ou mamadeira, sua pega é no mamilo (bico). Assim, o bebê que mama no peito, mas que também usa mamadeira ou chupeta, pode se confundir e mamar o peito como se estivesse retirando leite da mamadeira. A isso chamamos de CONFUSÃO DE BICOS, que pode ter como consequência mamilos machucados e dificuldade para esvaziar a mama, provocando, inclusive, o desmame precoce.

De 20 a 34 – Letras de D a L

20. DEPRESSÃO PÓS-PARTO – profunda tristeza (chegando às vezes ao desespero) que acontecem após o parto e que podem interferir com os cuidados do bebê e no vínculo da mãe com seu recém-nascido, sobretudo no que se refere ao aspecto afetivo e que precisa de diagnóstico e tratamento. Mais intenso e prolongado que o BABY BLUES ou BLUES PUERPERAL

21. DESMAME – acontece quando a criança para de receber, de forma total e definitiva, o leite materno (LM).

22. EXTRAÇÃO – é a retirada do leite materno da mama com as mãos ou com o auxílio de bombas. Equivalente à ORDENHA das vacas.

23. FISSURA – são rachaduras que ocorrem nos mamilos.

24. FÓRMULA – produto em forma líquida ou em pó fabricado para a alimentação de lactentes, que deve ser receitado por profissional qualificado (pediatra ou nutricionista) e que vai substituir total ou parcialmente o leite materno ou humano, para satisfação das suas necessidades nutricionais.

25. INGURGITAMENTO – é o aumento exagerado e desconfortável das mamas ocasionado por retenção de leite e inchaço, conhecido como leite “empedrado”. Ele pode ser discreto em resposta à descida do leite, não sendo necessário tratamento. Mas ele pode ser patológico, quando a mama fica muito distendida, causando desconforto e às vezes febre e mal-estar, com áreas avermelhadas, inchadas e brilhantes. Essa condição dificulta a pega do bebê e a saída do leite da mama. Requer tratamento.

26. LACTAÇÃO ADOTIVA – é quando uma mulher que adota uma criança consegue amamentar seu filho, mesmo sem ter passado pelas transformações hormonais da gravidez.

27. LEITE ARTIFICIAL (LA) – leite oriundo de outra espécie de mamífero que não a humana (leite de vaca, de cabra, de fórmulas)

28. LACTANTE – a mulher que amamenta.

29. LACTENTE – é a criança até 2 anos de idade, amamentado ou não.

30. LACTOGESTAÇÃO – é quando uma mulher amamenta seu filho durante uma gestação.

31. LEITE ANTERIOR –é o leite que vem no início da mamada, rico em água e anticorpos. Para outros autores é o leite que é produzido pela ação da prolactina e depende da sucção do bebê.

32. LEITE POSTERIOR – é o leite que vem no final da mamada, rico em gordura. Para outros autores é o leite que é produzido pela ação da ocitocina, não depende tanto da sucção, como a prolactina e sim das emoções da mãe (o que explicaria uma mãe pensar em seu bebê no trabalho e ter produção e ejeção do leite materno).

33. LIVRE DEMANDA – é quando a criança mama em um ou nos dois seios, quando sentir fome, sem horário pré-estabelecido, pelo tempo que quiser.

34. LM – é uma abreviação encontrada em textos e que significa leite materno.

De 35 a 43 – Letras de M até o final

35. MASTITE – infecção na mama.

36. MÉTODO CANGURU – consiste em manter o recém‑nascido de baixo peso em contato pele a pele, na posição vertical junto ao peito dos pais ou de outros familiares. Sua utilização aumenta o vínculo, reduzindo o tempo de separação mãe‑filho, estimula o aleitamento materno e favorece um controle térmico adequado. Ainda contribui para a redução do risco de infecção hospitalar, reduz o estresse e a dor dos RN de baixo peso. O método possibilita maior confiança dos pais no manuseio do seu filho de baixo peso, inclusive após a alta hospitalar.

37. OCITOCINA – hormônio produzido durante o trabalho de parto que auxilia na contração do útero. Após o parto, sua produção estimula a liberação do leite materno da mama. Além disso, contrai o útero, favorecendo a sua volta ao tamanho normal.

38. ORDENHA – termo não mais recomendado. Substituído por EXTRAÇÃO.

39. PEGA – é a forma como a criança pega a mama. Existe uma técnica ADEQUADA que está descrita em muitas publicações (mais aréola visível acima da boca do bebê, boca bem aberta, lábio inferior virado para fora, queixo tocando a mama), na qual o mamilo fica em uma posição dentro da boca da criança que o protege, prevenindo, assim, lesões mamilares.

40. PROLACTINA – hormônio que promove a produção do leite materno.

41. RELACTAÇÃO – é um método utilizado para o restabelecimento da lactação em LACTANTES com pouco leite ou que deixaram de amamentar. A TRANSLACTAÇÃO é uma das técnicas usadas para essa finalidade.

42. TANDEM – quando uma mulher amamenta duas crianças (dois filhos) com idades diferentes. Costuma ser a sequência natural da LACTOGESTAÇÃO.

43. TRANSLACTAÇÃO – é um método que consiste em um recipiente (pode ser um copo ou uma xícara) contendo leite (de preferência leite humano pasteurizado), colocado entre as mamas da mãe e ligado ao mamilo por meio de uma sonda aderida. A criança, ao sugar, recebe o suplemento pela sonda, continua a estimular a mama e não sente fome.

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