A queixa de dor nas pernas é comum na infância, especialmente em crianças com idade entre cinco e dez anos. Acomete cerca de 25% das crianças, não havendo distinção entre meninos e meninas. A incidência tem proporções parecidas: cerca de 12,5% para cada.
Apesar de não haver relação bem definida entre a dor e o crescimento, o termo “dor de crescimento” é utilizado pela maioria dos pediatras.
A dor é geralmente muscular e localiza-se nas coxas, pernas (panturrilhas), e pés. Pode ser fraca ou muito forte, mas não impede que a criança ande ou corra assim que a dor passe.
Algumas crianças não conseguem localizar a dor, ou então relatam um caráter “itinerante”, ou seja, cada dia em um lugar diferente. As mãos e os braços são raramente acometidos.
Características:
• Não interfe nas atividades diárias
• Duração variável: poucos minutos a algumas horas
• Melhora espontaneamente sem medicamentos ou então com massagem no local
• Intermitente, com períodos de melhora que variam de dias a semanas
• Não é acompanhada de inchaço articular ou febre.
O horário mais freqüente da dor é no final da tarde, depois das atividades físicas; entretanto algumas crianças podem acordar subitamente durante a noite, aos prantos.
A dor matutina não é comum, e deve chamar a atenção dos pais.
Podem ser observados outros sintomas concomitantes, como dor de cabeça e dor de barriga.
Causas
Ainda sem causa conhecida, não existe consenso entre os pesquisadores nem sobre o termo “Dores do crescimento”, que dá a idéia de que o crescimento em peso ou em altura pode gerar dor. Na verdade, não se verificou qualquer relação desse quadro com o ganho de estatura , que ocorre de maneira muito lenta para provocar dor. Já se tentou modificar o nome dessa doença para “Dores nos Membros” mas a expressão anterior já estava de tal modo consagrada e já era compreendida pelas pessoas que não se conseguiu modificar sua denominação.
Existe uma série de hipóteses que tentam explicar a origem dessas dores. É muito comum encontrarmos distúrbios emocionais ou simplesmente uma situação de crise própria da idade ( nascimento de um irmão, ingresso na escola, mãe que começa a trabalhar). Também se viu que essas crianças são, em geral, filhas de pais que também tiveram quadros semelhantes durante a infãncia e nas próprias crianças são encontradas outras situações de dor crônica como dor de cabeça ou dor abdominal, ou seja, parece haver uma combinação de fatores emocionais associados a uma ” tendência” a dor crônica.
Os pais devem ficar atentos.
Tratamento
Não é necessário tratamento específico para a dor de crescimento, uma vez que ela diminui espontaneamente ao longo do tempo. Algumas crianças podem beneficiar-se de esportes de baixo impacto, como por exemplo a natação.
Nos casos de dor forte, podem ser utilizados analgésicos por via oral, sempre com supervisão médica.
“Atenção: a criança com dor de crescimento tem sempre um aspecto saudável”
Algumas doenças pouco freqüentes podem manifestar-se na forma de dor músculo-esquelética.
Os pais devem consultar o pediatra quando observarem algum dos seguintes sintomas:
• Dor persistente e localizada em um único ponto,
• Dor nas costas (mesmo em crianças que usem mochilas),
• Dor que dificulta as atividades cotidianas, como caminhar, praticar esportes, subir escadas ou brincar,
• Presença de inchaço articular, indisposição ou febre,
• Presença de claudicação, ou seja, mancar ao andar.
Não existe receita milagrosa para curar as dores do crescimento. Mas massagens simples, alongamentos e compressas no local da dor podem ajudar.
Na hora da crise, o carinho dos pais acalma, e pode ser um remédio muito eficaz.